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Niterói Cultural Literário
O Esoterismo em Fernando Pessoa
Sebastião A.B. de Carvalho SCT, OTO, GOB, FRA, AMORC (USA)
Somente um Iniciado escreveria estes versos:
Não dormes sob os ciprestes
pois não há sono no mundo.
...........................................
O corpo é a sombra das vestes
que encobrem teu ser profundo.
Vem a noite, que é a morte,
e a sombra acabou sem ser.
Vais na noite só recorte,
igual a ti sem querer.
Mas na Estalagem do Assombro
tiram-te os Anjos a capa:
segues sem capa no ombro,
com o pouco que te tapa.
Então Arcanjos da Estrada
despem-te e deixam-te nu.
Não tens vestes, não tens nada:
tens só teu corpo, que és tu.
Por fim, na funda caverna,
os Deuses despem-te mais.
Teu corpo cessa, alma externa,
mas vês que são teus iguais.
............................................
A sombra das tuas vestes
ficou entre nós na Sorte.
Não 'stás morto, entre ciprestes
............................................
Neófito, não há morte.
(03.10.1932)
Em várias oportunidades, Fernando Pessoa se utilizou de procedimentos esotéricos para melhor conhecer as situações e nortear sua vida.
Naturalmente, os profanos negam, sempre, embora sem argumentos válidos, tudo que extrapola seus bitolados conhecimentos, e, quando não podem negar, fingem desconhecer sua existência...
No caso do consagrado poeta, temos inúmeras indicações, inclusive quanto a suas convicções religiosas. Ele considerava o paganismo a verdadeira religião:
"A religião pagã é a mais natural de todas. Apoia-se esta demonstração fácil em três raciocínios simples:
A religião pagã é politeista. Ora, a natureza é plural. A natureza naturalmente, não nos surge como um conjunto, mas como "muitas coisas", como pluralidade de cousas. ..
A religião pagã é humana. Os atos dos deuses pagãos são atos dos homens magnificados; são do mesmo gênero, mas em ponto maior, em ponto divino...
Finalmente, a religião pagã é política. Isto é, é parte da vida da cidade ou do estado, não visa a um universalismo. Não busca impor-se a outros povos, mas receber deles. Está assim de acordo com o princípio essencial da civilização que é a síntese em uma nação de todas as possíveis influências de todas as outras
nações -- critério de que só divergem os critérios estreitamente nacionalistas, que são o provincianismo da política, e os critérios imperialistas, que são da decadência"...
"Assim, a religião pagã se encontra em harmonia com os três pontos naturais em que a humanidade toca -- com a própria essência experimental da natureza inteira; com a própria essência da natureza humana; e com a própria essência da natureza humana em marcha (em marcha social), isto é, da natureza humana civilizada, isto é, da civilização."
"Obras em Prosa" vol. único, pág. 174/175.
Um defensor tão cioso do paganismo só pode ser um Iniciado, pois é no paganismo que vamos encontrar os famosos "mistérios iniciáticos", egipcios, gregos, e de outras civilizações antigas.
Também o uso de mapas astrais ou mapas astrológicos para análise de seus heterônimos e até para conhecer de antemão o destino de publicações, como fez com "Orpheu", em 26 de março de 1915 -- é prática de quem acredita na utilidade da Astrologia, uma das ciências esotéricas mais utilizadas pelos iniciados. (ver:"Fernando Pessoa: hóspede e peregrino",
Mirandela & Cia. Lisboa, 1983, pág. 91.
Segundo Marcelo Motta, que dirigiu um ramo da Ordo Templi Orientis (O.T.O.) no Brasil e nos Estados Unidos, nosso poeta era Magister Templis da A.A., uma ordem secreta de características individualistas e muito avançada. O grau de Magister Templis é um dos que se situam "acima do abismo da lógica e da razão", ao qual só chegam iniciados de altíssima envergadura.
(Conf.: "Sex and Religion", The Equinox vol. V n. 4, Thelema Publishing Company Nashville, Tennessee, USA, 1981 - pág. 11).
Esperamos que o leitor, além de se convencer da condição de "Iniciado" de Pessoa, possa apreciar algumas de suas melhores produções.
Falamos em procedimentos esotéricos utilizados por Fernando Pessoa para melhor conhecer as situações e nortear sua vida.
Ele não só usou desses recursos, como se relacionou com pessoas altamente comprometidas com o que denominamos de "Iniciação".
O principal deles foi Aleister Crowley, o famoso mago inglês promulgador da Lei de Thelema, a Lei da Liberdade e da Alegria, que era ensinada nos vários graus da Ordo Templi Orientis (O.T.O.), da qual Crowley era Rei para a Inglaterra.
Na Cronologia da Vida e da Obra de Fernando Pessoa, publicada em "Fernando Pessoa, obra poética" (edição da Nova Aguilar, Rio de Janeiro, 1977), -- encontramos registros referentes ao relacionamento com Crowley:
"1930. Entra em correspondência com Aleister Crowley.
2 de setembro. Chega a Lisboa, de visita a Fernando Pessoa, o mago inglês Aleister Crowley.
25 de setembro. Desaparece, em circunstâncias misteriosas, o famoso Aleister Crowley.
5 de outubro. O "Notícias Ilustrado" publica o depoimento de Fernando Pessoa sobre o "misterioso" desaparecimento de Crowley.
1931. out. Publica na "Presença" a tradução do "Hino a Pã", do mesmo Aleister Crowley. Eis o famoso poema:
Hino a Pã
Vibra do cio subtil da luz,/Meu homem e afà/Vem turbulento da noite a flux/De Pã! Iô Pã!Iô Pã! Iô Pã! Do mar de além/Vem da Sicília e da Arcádia vem!/Vem como Baco, com fauno e fera/E ninfa e sátiro à tua beira,/Num asno lácteo, do mar sem fim,/A mim, a mim!/Vem com Apolo, nupcial na brisa/(Pegureira e pitonisa),/Vem com Artêmis, leve e estranha,/E a coxa branca, Deus lindo banha/Ao luar do bosque, em marmóreo monte,/Manhã malhada da âmbrea fonte!/Mergulha o roxo da prece ardente/No ádito rubro, no laço quente,/A alma que aterra em olhos de azul/O ver errar teu capricho exul/No bosque enredo, nos nós que espalma/A árvore viva que é espírito e alma/E corpo e mente -- do mar sem fim/(Iô Pã! Iô Pã!),/Diabo ou deus, vem a mim, a mim!/Meu homem e afã Vem com trombeta estridente e fina/Pela colina!/Vem com tambor a rufar à beira/Da primavera!/Com frautas e avenas vem sem conto!/Não estou eu pronto?/Eu, que espero e me estorço e luto/Com ar sem ramos onde não nutro/Meu corpo, laço do abraço em vão,/Áspide aguda, forte leão --/Vem, está vazia/Minha carne, fria/Do cio sozinho da demonia./À espada corta o que ata e dói,/Ó Tudo-Cria, Tudo-Destrói!/Dá-me o sinal do Olho Aberto,/E da coxa áspera o toque erecto,/E a palavra do Louco e do Secreto,/Ó Pã! Iô Pã!/Iô Pã! Iô Pã Pã! Pã Pã! Pã,/Sou homem e afã:/Faze o teu querer sem vontade vã,/Deus grande, meu Pã!/Iô Pã! Iô Pã! Despertei na dobra/Do aperto da cobra./A águia rasga com garra e fauce;/Os deuses vão-se;/As feras vêm. Iô Pã! A matado,/Vou no corno levado/Do Unicornado./Sou Pã! Iô Pã! Iô Pã Pã! Pã!/Sou teu, teu homem e teu afã,/Cabra das tuas, ouro, deus, clara/Carne em teu osso, flor na tua vara./Com patas de aço os rochedos roço/De solstício severo a equinócio./E raivo, e rasgo, e roussando fremo,/ Sempiterno, mundo sem termo,/Homem, homúnculo, ménade, afã,/Na força de Pã./Iô Pã! Iô Pã Pã! Pã! Iô Pã!
Interesse bastante inusitado, esse do nosso Fernando Pessoa, não acham?
Mas existe algo a esclarecer: em várias oportunidades, o poeta negou pertencer a qualquer ordem iniciática. Baseando-se nessas declarações poder-se-ia negar o que aqui afirmamos e pro-curamos demonstrar: a sua ligação com organizações desse tipo. Pois bem: Fernando Pes-soa foi iniciado pelo Mestre Therion numa ordem secreta denominada A. A., cujo trabalho, de cunho individual, não admitia qualquer atenção por parte do mundo profano. Até mesmo membros da organização ignoravam quais eram os integrantes dos outros graus!
Outro detalhe importante refere-se à sua intenção, divulgada em janeiro de 1916, de se estabelecer como astrólogo em Lisboa.
Eis algumas considerações metafísicas de Fernando Pessoa (in "Obras em Prosa"):
"A dupla essência, masculina e feminina de Deus -- a Cruz. O mundo gerado, a Rosa, crucificada em Deus.
A criação não é uma emanação mas, mais propriamente, uma limitação, uma negação de Deus por si-mesmo.
Mais certo será dizer que o universo é a negação de Deus, ou a morte de Deus. Como porém a negação ou morte de Deus é necessariamente divina, o universo contém um elemento divino que [é?] a Lei, Fatum, elemento abstrato de Deus e pelo qual Deus está desencarnadamente manifesto no mundo, se opõe o Cristo que é o desejo do regresso a Deus, o desejo de Liberdade, de não haver Fatum. (pág. 557).
EXCELSIOR!
Esoterismo prático para o autoaperfeiçoamento
MESTRE GENELOHIM
Spira Legis (Espirais da Lei):
o caminho da autosuperação
Quem realmente quer seguir o caminho iniciático ou da autosuperação, tem que estar disposto, decidido, a pagar o preço, em termos de disciplina, persistência e dedicação ao trabalho da Grande Obra. Terá que se desfazer de certos hábitos, alguns muito arraigados em sua personalidade. Isto não é fácil, mas constitui condição essencial para a aquisição dos poderes espirituais que possibilitam uma rápida ascensão.
Em primeiro lugar é mister livrar-se de hábitos como fumar, beber, abusar de comida, passar noites em claro e relacionar-se com pessoas muito negativas. Essa mudança deverá ser feita usando-se o bom-senso e procurando não agredir as pessoas que começarem a questioná-la. Também não deve ser discutida com ninguém, mas feita com discrição e segredo em relação aos seus objetivos. Procurar substituir os hábitos prejudiciais ou negativos, por outros, proveitosos ao propósito, positivos...
A providência acima, por si só, já provocará uma série de fatos que configurarão uma salutar mudança, facilmente observável. Pode-se então incrementar as atividades do que chamaremos de "segundo passo", que, aliás, deve ser dado em conjunto com o primeiro: o uso de práticas especiais, fornecidas por Mestres autênticos, e a leitura de obras especialmente escolhidas. Um trabalho coordenado e com metas definidas. Isto é dado ao estudante persistente e dedicado, paulatinamente, de acordo com um moderno sistema iniciático denominado Spira Legis.
A Spira Legis (Espirais da Lei) é um sistema cósmico evolucionário, que concentra em suas 12 esferas, arrumadas de forma espiralada, -- conhecimentos esotéricos que se interrelacionam e desenvolvem de forma coordenada e harmônica.
Você pode utilizá-la, estudando o conteúdo de cada esfera e os significados dos "caminhos" que as interligam; fazendo as práticas propostas em cada uma. Penetrando nas esferas, inundar-se da sua luz e usar a sua cor, cada qual com uma propriedade específica.
Nos próximos artigos, iremos conhecendo as várias esferas da Spira Legis, estudando seus aspectos, praticando seus ensinamentos. Colecione essas jóias do conhecimento esotérico e beneficie-se com o avançar dentro desse Caminho, que é de luz e conduz, serena e acertadamente, a um Reino onde todos os opostos se harmonizam para celebrar o Milagre da Unidade, dado aos humanos através da Tábua de Esmeraldas.
Mar furioso destrói muro e calçada de Piratininga
Em julho de 1996, NitCult publicava nota sobre os estragos causados pela ressaca na Praia de Piratininga. Agora, em 1999, o fenômeno se repete...
A maré não esteve para peixe, no final da semana próxima passada...
Uma violenta ressaca, que castigou as praias de Niterói e do Rio de Janeiro,destruiu a calçada da praia de Piratininga, que havia sido construída há anos, durante o governo de Moreira Franco e garantia o conforto dos banhistas que, no verão, frequentam com assiduidade aquele magnífico ponto turístico de Niterói.
Derrubando o muro de arrimo, as águas do mar fizeram desabar boa parte da calçada, em toda a extensão, como mostra a foto, chegando bem próximo dos quiosques que servem aos banhistas.
Um dos quiosques, o primeiro, teve, inclusive, uma parte derrubada e levada pelo mar, (embaixo, à direita), constando de mesinhas, cadeiras e até palmeira.
Moradores da área afirmaram que nunca, em muitos anos que ali residem, assistiram a um espetáculo igual. Ressacas são comuns, mas com essa violência e fazendo tanto estrago, nunca ocorreu na praia de Piratininga, o que veio causar apreensão aos moradores.
Todavia, ainda segundo moradores, o responsável pela região administrativa prometeu envidar esforços para recuperar o mais rápido possível a área danificada.
Alguns técnicos, ouvidos pela reportagem de Niterói Cultural, afastaram de pronto a hipótese de deficiência da obra, informando que elas, em geral, são dimensionadas para durarem alguns anos, tendo em vista a ação dos agentes naturais.
Ao que se pode comentar que "não se fazem obras como antigamente"...
Prevaleça tal comentário ou se aceite que o homem, hoje, é mais ousado em invadir os domínios de Netuno, o fato é que Piratininga precisa ser recuperada o quanto an-tes, pois o verão não poderá prescindir daquela praia, essencial para o lazer de niteroienses e visitantes...
A beleza do mar e das montanhas que emolduram este cenário, orgulho de seus habitantes e inveja de visitantes, precisa do suporte de uma adequada infra- estrutura.
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